15 de mar. de 2011

Orientações Capes sobre o plágio e o comércio ilegal de teses pela internet

 Ferramentas para detectar plágio em trabalhos acadêmicos

Os professores universitários estão cada vez mais preocupados com o aumento do número de casos de plágio e com o comércio ilegal de monografias, dissertações, teses e artigos científicos pela internet. É evidente que todos os bons profissionais estão envolvidos no combate a esse mal.
Fiquei muito feliz com a presença da Dra. Carla num dos meus cursos. Ela é professora da Unesp de Botucatu. Trouxe aos outros participantes muita experiência, respeito ao conhecimento científico, ética, valorização ao aprendizado e entendimento de que todos nós estamos em constante aperfeiçoamento.
No curso, mostrei alguns softwares que detectam plágio e discutimos sobre o tema. Recentemente, ela encaminhou documento referente às recomendações Capes e OAB, que repasso para vocês. Gostaria de agradecer a Dra. Carla por todas essas contribuições.

Transcrevo algumas passagens do documento:
"Muitos alunos dos ensinos médio e superior não fazem mais pesquisa, copiam e colam textos de outras pessoas".

"Além da prática ilegal de apropriar-se da obra de terceiros sem autorização e sem a referência devida, o procedimento nefasto infecciona a pesquisa, produzindo danos irreparáveis".

"Alguns estudantes chegam ao absurdo de comprar monografias de terceiros para colocar seu nome na autoria".

"Muitas instituições não têm estrutura para verificar suas monografias com mais rigor, identificando plágios cometidos pelos discentes. Limitam-se, somente, a algumas aulas de metodologia científica que tratam de regras da ABNT e nelas pincelam normas de citação de textos".

"O aluno que não pensa, não sabe escolher. Além disso, absorve o comportamento deplorável de pegar para si o que não lhe pertence, e a falsa ideia de que o dinheiro tudo compra, paradigmas que podem acompanhar-lhe pelo resto da vida".

"De que adiantam verbas para a educação e bons professores se os alunos não escrevem e não aprendem?"

"Proliferam-se sites na internet que disponibilizam monografias e trabalhos prontos, comercializados abertamente para os alunos".

"Causa espanto a estrutura apresentada nestes sites, com atendimento 'on-line', pagamento com cartões de crédito, filiais em vários estados do país e serviço de senha para navegar por conteúdos privados dos sites".

"Disponibiliza-se este 'serviço' abertamente, como se lícito fosse [...]".

"O nível de um país também se mede pela qualidade de sua produção intelectual".

"[...] Recomendação do Conselho Federal da OAB a todas as instituições de ensino superior do país, para que utilizem softwares de busca de similaridade na internet e em bases de dados em suas atividades [...]".

Entretanto, não se pode julgar ou condenar um pesquisador por causa de certa citação. Na literatura nacional há muitos exemplos de passagens de alguns autores que aparecem no texto de outros autores. Também é muito comum o pensamento de um ficar na mente do outro. Deve-se ter muito cuidado com os julgamentos antecipados.
Como bem escreveu Descartes, na primeira parte do Discurso do método, “Le bon sens est la chose du monde la mieux partagée [...]”.
Quem se interessa pelo tema pode acessar também o editorial do Cadernos de Saúde Pública, disponível em http://www.scielosp.org/pdf/csp/v12n4/0234.pdf, com o título Plágio em ciência.

Pedro Reiz

25 de jan. de 2010

Detectar plágio nos trabalhos dos estudantes ainda é tabu entre nós?

Ferramentas para detectar plágio em trabalhos acadêmicos

Atualmente, algumas universidades europeias discutem procedimentos para conscientizar os estudantes e os pesquisadores sobre o autoplágio. No Brasil, a reflexão em torno da questão do plágio, não do autoplágio, ainda engatinha. Pouco se discute sobre o que pode ser considerado plágio, limites e possíveis percentuais de tolerância numa monografia, por exemplo. Algumas universidades de São Paulo utilizam softwares para detectá-lo. Em 2009, outras importantes instituições de ensino superior também adotaram a nova prática.

O professor dispõe de recursos não eletrônicos para detectar se o trabalho apresentado pelo estudante é cópia. O procedimento abaixo não requer auxílio da internet e se refere à citação dos autores no texto.

A citação de vários autores seria evidência do contato com artigos científicos e capítulos de livros. Nem sempre. Em especial, se: 
1) O trabalho apresenta citação do mesmo livro, contudo, de diferentes anos (várias ocorrências);
2) Há muitas citações no corpo do trabalho, todavia, os autores não constam na seção das Referências;
3) O estudante utilizou com precisão tanto a citação literal (direta) como a paráfrase (indireta), mas não tem a menor ideia de como foram empregadas;
4) O "estilo" de redação alterna de uma citação para a outra de modo marcante.

Quando o estudante não tem os livros nem os artigos indicados em mão, pode ser que também não saiba responder como localizou as publicações nem tenha informações sobre outros procedimentos realizados para o desenvolvimento do trabalho. Quem sabe, apenas escolheu o Tema, todavia, não tem noções sobre Objetivo, Método ou Metodologia, redação e de como foram estruturadas as etapas do seu próprio trabalho...

O estudante que caminhou com a leitura e entendeu os textos está apto para fornecer diversas explicações. Quem de fato trabalhou duro por horas e horas em um estudo acadêmico-científico, ainda que tenha algumas dúvidas, não se mostrará assustado. Se por acaso escorregar aqui ou ali não se desesperará, desde que seja o autor do estudo. O professor orientador hábil reconhece os sinais e sabe distingui-los.

Pedro Reiz



Observação. No Manual de técnicas de redação científica, 3ª edição, elaborei uma lista de ferramentas gratuitas para detectar casos de plágio acadêmico. Paráfrases redigidas de modo adequado podem evitar plágios involuntários

Plágio é de origem do grego plágios, significa "trapaceiro"; "oblíquo". Plágio é o ato ou efeito de plagiar; plagiato. Por sua vez, plagiar  é assinar ou apresentar como seu (obra artística ou científica de outrem), conforme consta no Dicionário Aurélio.

 Autoplágio no texto acadêmico é entendido quando um autor reutiliza textos de própria autoria e que tenha publicado, contudo, não menciona o trabalho publicado anteriormente.